Friday, September 2, 2011




A torneira se abriu
Numa enxurrada de palavras e idéias
Inundou a alma
Que rangia enferrujada num vazio de inspiração.
Difícil controlar o fluxo
A corrente tem vontade própria
Vai solta, sem precaução – 
É melhor seguir o natural.
Os respingos refrescam
Mas o arranhar das pedras 
Ferem meu chão
A queda é conseqüência – 
O clímax da minha navegação
Sem controle – sem bússola ou leme
Sigo à deriva dessa torrente
Hei de alcançar o vale
Que expande-se em minha mente.

Tuesday, August 30, 2011

duna




Construí um mundo
fundado em areia
Pilares frágeis
que as ondas abalam
e o vento esfarela
não dá apoio ao passo
e sigo tombando - meio fraca, meio zonza
chão do desequilíbrio
martírio da caminhada
Mas é um mundo em constante transformação
reinterpretado pelos humores da natureza
o vento dá dunas - modifica o terreno
geografia da inconstância
O dorso da duna - um fio
cadência no passo
como no trote da mula
rítmo e desaconchego.
Nesse mundo movediço me instalei
Faço do atrito minha morada