Thursday, September 2, 2010

Nesse Tempo

Eu acredito que há um momento em que a gente deve trabalhar com as mãos. Trabalho físico – quando a mente pede trégua – momento de ser força bruta e moldar a massa. Carregar os baldes d’água escada acima e lavar o chão. Momento de limpar os cantos, de cultivar a horta. Pegar as ferramentas e tornear a madeira. E assim lapidar o pensamento – para entrar depois no momento mental – momento em que o corpo pede descanso já exausto da enxada. E nesse momento da mente, recriar o que existe. Reaproveitar as sobras e transformá-las. Tempo de lápis e papel – para deixar as idéias fluirem soltas. O tempo físico é um tempo da Terra – um tempo de arregaçar as mangas e cuidar dessa Terra. O tempo mental é um tempo Cósmico em que as energias divinas nos inspiram. Tudo num ciclo harmonioso Sem brigar com o tempo e sim brincar, andar com ele. Para que os extremos – Terra e Céu – possam conviver sempre em colaboração.

Saturday, June 5, 2010

A Primeira Vez



Tem sempre a primeira vez para as experiências ou as percepções que a gente tem no decorrer do nosso tempo aqui. E a primeira vez é sempre a que deixa um cheiro, um gosto, uma idéia que vai nos acompanhar pro resto da vida. Essa é uma tentativa de apresentar as minhas primeiras vezes – um pouco censuradas e editadas – e as primeiras vezes de quem quiser deixar tal testemunho aqui. Claro que algumas das primeiras vezes aconteceram há tantos anos que tomei a liberdade poética de criar uma versão aproximada ao fato, ao que a memória permite.
Começo com a primeira vez que voei. Era um domingo comum, sem nada para fazer e, bastante raro na minha família, a casa estava deserta – só nós, os 3 caçulas com os pais... os 3 mais velhos estavam numa festa para o fim de semana num sítio de amigos e os 3 do meio estavam participando de alguma atividade esportiva no clube. Meu pai, que geralmente estaria no clube jogando o seu pseudo vôlei, estava em casa e resolveu nos levar para um passeio especial e bem paulistano. Nos enfiamos no carro (que não lembro bem qual era o carro da época do ocorrido e que, de fato, não faz a menor diferença) e seguimos para nada mais nada menos do que Interlagos – na Represa de Guarapiranga (que para os paulistanos menos sofisticados, trata-se do Balneário).
Acho que era início de verão, pois o sol estava de rachar – passeamos pela “orla” – nada para se fazer – o balneário estava cheio de seus típicos visitantes: a turma da Kombi e do picnic – famílias se torrando no sol, comendo o franguinho com farofa trazido no isopor, a cerveja quente, uma porção de meninos chamados Kleber (ou Creber), mulheres empapadas com seus cães pequinês na coleira, lixo e chinelos perdidos. Meu pai foi o primeiro a perceber que o passeio fora um engano – o que fazer na represa sem maiô, chinelo (perdido ou não), frango ou que quer que seja num dia de calor como aquele? Acho que a última vez que meus pais tinham ido à represa foi antes de se casarem – e se essa história se passa em meados de 70, então fazia pelos menos quase 20 anos que eles não punham os pés nas águas da Guarapiranga.
Estávamos já prontos para irmos embora quando meu pai avistou o aviãozinho que sobreava a represa e pousava na água! Ah, que oportunidade! Corre entrar na fila e garantir um vôo. Minha mãe não se interessou e resolveu esperar na tenda que vendia sucos e pastéis – então seguimos eu, meu pai, Celina e Sylvio para nossa aventura aérea! Nem acreditava que eu finalmente ia voar num avião – coisa sofisticada!

A fila até que não demorou muito – ou pelomenos foi a impressão da minha mente de criança que se distraía ao ver o aviãzinho decolar e pousar na água – nós 3 fascinados com a maquininha. Quando nos demos conta, já era a nossa vez e... mas espera aí: e mais essa outra família atrás de nós? E onde vai caber todo mundo num aviãzinho tão pequenininho que mais parece um KarmanGhia???? O piloto foi logo coordenando o embarque: eu, Sylvio e meu pai na frente com ele; Celina e a família invasora, atrás. Eu e Sylvio dividimos o mesmo cinto de segurança – e tivemos que sentar no meio, ou seja, a viagem panorâmica era só para o piloto e quem estivesse nas janelinhas... tudo bem, pelo menos eu ia voar. Respira fundo, Paula, o avião está prestes a decol.... o que? Já acabou? Já voamos???? Por muitos anos, eu achei que voar era como andar de carro sem pegar a janela – até que eu tive o meu segundo vôo, que foi a minha primeira viagem de avião, quando eu já tinha 16 anos! Mas esse é assunto para outra história.

Thursday, April 22, 2010

Pequenas Considerações Noturnas




Ontem eu pensei que era tarde.
Achei que estava atrasada.

Hoje parece que ontem foi cedo.
E amanhã tarde demais.

Enquanto isso, vejo crescer com resolução
um fio de cabelo branco
no meio da minha cabeça.

Sunday, April 18, 2010

O que eu vou ser quando crescer

Quando eu era pequena (pequena de altura ainda sou) - por volta dos meus 7 anos - eu me lembro de brincar de 4 coisas: secretária, professora, veterinária e cantora (ou artista).

Como secretária, eu sentava no banquinho do bar e enrolava um  papel - e datilografava! O barulho do papel enrolado, quando dedilhado pela minúscula mão, era igual ao de uma máquina de escrever. Eu carregava uma bolsa velha da minhã mãe e enchia de quinquilharias... e tinha também o telefone velho e toda uma parafernália de objetos que representavam os objetos de um escritório.

Como professora, eu não era a professora tão linda (como a Dna. Maria Elizabeth que tinha os olhos verdes ardidos e era muito brava), mas a professora legal, bonitinha e simples, como a Dna. Rute. Eu colocava o cabelo no coque e ensinava coisas interessantes sobre o mundo para os meus alunos imaginários e sempre bem comportados.

Como veterinária, eu levava minha cachorra para passear ou passava remédio nos bichos da casa - tinha o meu consultório na varanda da frente da casa e conversava muito com os animais - acho que eu tinha um complexo de São Francisco!

Mas como cantora - ou artista - era como eu mais me expressava! Dançava fazia entrevista com as paredes, inventava novelas, cantava, cantava, cantava!

Na minha vida de gente grande, eu experimentei um pouquinho de tudo: fui professora, demi cantora, pseudo veterinária e secretária. Hoje eu trabalho como "operária moderna" - trabalho de escritório num banco americano onde as funções são bastante segmentadas e, embora seja uma prestação de serviços, é identificado como produção. Já faço isso há mais de 10 anos e não gosto nem um pouco, mas como sou imigrante, aceito o que vem em minha direção e agradeço. Mas de uns tempos para cá, por causa da economia, comecei a pensar que preciso voltar ao que a minha sabedoria inconsciente de criança me dizia - fazer algo onde eu tenha mais controle de quem sou e para onde vou! Por conta disso, desse sentimento de mudança que por vezes nos assola, comecei a pesquisar a possibilidade de voltar à educação - e, como tudo que a gente busca acaba se abrindo em caminhos, tenho até uma escola interessada em mim!

Agora tenho que transcrever os meus créditos da faculdade para ver  como posso obter o certificado!

Quem sabe eu até saia cantando!?

Friday, March 26, 2010



I was listening to NPR, as usual, on my way to work the other day and the piece was about Stay at Home Dads - how the economy has caused an increase in stay at home fathers that were laid off. They created networking groups and are learning the tricks of the trade from each other - which I thought it was kind of funny, as they could've learned from their wives, who've probable been very much up to date with all the new gadgets for kids and babies! But what most shocked me was that these dads are being advised to add their parental skills to their resumes as it may increase their chances of lading on a job - managers see those skills as an ability to multi task and it gives these man a human quality that cannot be described in other jobs. Now, that's quite interesting: Men will have an easier time getting a job by having parental skills, by being a stay at home dad, while women, who have been doing this for thousands of years, better not add the mothering skills to their resume or they may be seen as weak, limited, outdated, and an inconvenience. Why is that? Because those managers probably know that, once the men get back to working, the wives will take the parental role back and the male employee won't have to worry about the children, but if the mother goes back to work, most likely the father is not going to be her backup... even when it comes to something at which we master (such as parenting), men always have the upper hand...

Monday, March 22, 2010

Falta de Histórias...


Hoje andei lendo alguns blogs de pessoas conhecidas e desconhecidas. E todos têm histórias, temas e causos - e causas. Deu o que pensar... ando com ausência de histórias, ausência de acontecimentos. Não que nada aconteça na minha vida, mas não seria muito interessante falar sobre a reunião de pais e mestres, ou como eu detesto o meu trabalho, ou sobre o recital de ballet da Gabi, ou sobre os programas na TV que não tenho assistido... o que anda acontecendo na minha vida é bastante corriqueiro, trivial. Vivo na função das atividades das meninas, de casa para o trabalho, das obrigações - mas sem a companhia dos amigos. Então entendi que a gente faz histórias com os amigos. O John é o meu único amigo aqui - e a nossa história tem uma porção de coisas interessantes a se contar - mas tem que ter a coisa do tempo que torna as histórias mais férteis e fascinantes. Tenho que ir buscar as histórias mais velhas, que já criaram um gosto fermentado e maturado - e ficaram com um ar de mito... Como a primeira vez que comi fondue, ou sobre a minha chegada nos EUA - essa guinada que deu na minha vida. Será que é sobre essas coisas que devo falar (escrever)? Eu ainda não entendo muito essa linguagem meio confessional do Blog - eu já tenho tanta opinião sobre tudo - e todo mundo tem opinião sobre tudo. Porque alguém ia querer ler minha opinião?

Bem, mas como um dos meus objetivos com esse blog é a organização interna, o encolhimento do caos, as histórias são para o meu entendimento, para a minha caminhada, seja para onde for! Então que venham histórias, causos e causas.

Tuesday, March 9, 2010

Preguiça


Preguiça... de limpar a casa, lavar a louça, tirar o pó... mas se eu não limpar a casa, tirar o pó, lavar a louça, vai tudo acumulando e dando mais preguiça... talvez seja outro processo de encolhimento - jogar as coisas fora. Quando a gente tem que guardar ou limpar muito, então não tem uso, então deve-se jogar fora! De tanto que acumulei o desnecessário, me sinto afogada em quinquilharias. Meu avô acumulava objetos - acho que é coisa de português... ele via utilidade em tudo, mas só guardava - não usava nada. Coitada das empregadas ou da minha avó que tinha que limpar ao redor da coleção de inutilidades - até resto de borracha ele guardava. Acho que eu não chego a esse extremo, mas eu entendo a "doença" - é uma tendência em ver as coisas de forma romântica - sonhar com a possibilidade delas. Eu não compro uma roupa - eu compro uma história que imaginei na loja e trouxe para pendurar no guarda-roupa (apenas para me decepcionar quando visto e a roupitcha não cai em mim tão bem como na minha visão dela).

A preguiça que eu ando ultimamente é de proporção secular - tenho preguiça de acordar, de me mexer mesmo... a preguiça é o avesso da disciplina. As pessoas disciplinadas criam para si uma constância, um caminho... nessa minha preguiça eu vejo a minha inconstância - e inconsistência...

Encolher - a preguiça, o acúmulo - e ficar mais leve, mais arejada!

Sunday, February 28, 2010

Jornada

A jornada... como definir a jornada? A trajetória do ponto A com destino ao ponto B. Mas se o ponto A está perdido, não se chega ao ponto B! Ponto A precisa ser mais definido, menos desencontrado.

A vida oferece muitas jornadas - cheias de odisséias, cheias de partidas e chegadas. Partidas tristes e alegres - chegadas cheias de abraços.

Minha jornada sai de vários pontos e tenta chegar em um. Eu saí do Brasil em 1997 - ainda estou desfazendo as malas... nesse processo, eu dobrei quem sou - sou o dobro de tamanho, de despesa, de alegria (um super marido e duas filhas lindas), de tristeza (ai que saudade que dá), de interrogações e dúvidas...

Nesse momento, o braço da jornada que vem tomando meu tempo é o processo de perder peso - de deixar de lado certos desejos e vícios - chocolate, doces, cigarro, massa, pães. Comer certinho, menos (eu que não comia nada antes de vir para cá), comer mais saudável - e me exercitar - como é difícil. Mas toda transformação é difícil... ouvi dizer que a borboleta, para sair do casulo, tem que fazer um esforço danado, mas se não passasse por esse processo, não conseguiria voar e morreria. Não sou borboleta, mas meu esforço há de lançar asas!

Já perdi 16 libras - mais ou menos 7 kilos - mas quase nem se nota, pode? É porque eu tenho que perder muito, mas muito mais. Ser leve - não entendia o que significava até as coisas se tornarem pesadas! Mas vou buscando leveza no tapping, na meditação, no positivismo - ser menos incrédula e analítica.

Descomplicar - se é que essa palavra existe! Porque eu fui arranjar um gato????

Saturday, January 2, 2010

it's a start


I don't know much about blogging. I always thought that writing a journal was something personal, confidential, private... but when I stumble across some blogs, I see that the postings are not necessarily about secrets - they are more like thoughts, ideas, dreams, personal stories and experience.

Well, I am going to try this. My journey to shrinking. It is not psychoanalysis - it's more about my process of losing weight, simplifying my life - shrinking the chaos.