Saturday, August 27, 2011

A Ponte





A ponte que a menina atravessa
É cheia de armadilhas
Promete um mundo do lado de lá -
Um mundo além da margem da vida.
É uma arapuca
Uma ilusão
A ponte não leva 
Nem traz
Melhor seria seguir o rio
Esse rio que sempre tem
um curso que se renova
O rio lava e leva
pra longe
os dejetos
Traz a nova possibilidade
um trajeto caudaloso 
sem monotonia
Na carona das chuvas
No descanso das secas
Deixando as pontes pra trás
Fazendo da menina
o leito onde descansa
as águas novas.

Tuesday, August 23, 2011

the shrinking journey: Rendas

the shrinking journey: Rendas: Sou mulher rendeira

Não a das canções populares

Nem a que senta com bilros nas calçadas quentes do nor...

Monday, August 22, 2011

Rendas





Sou mulher rendeira
Não a das canções populares
Nem a que senta com bilros nas calçadas quentes do nordeste
Meu artefato é delicado
E mutante
Sem sossego
São palavras
Que rendo
E me rendo a elas
Me enrosco
Nas suas milhares de possibilidades e combinações
Desenhos intricados - como filigramas
Com ares antigos e rebuscados
Mosaicos que formo
A renda do meu esforço
Delicada - mas por vezes brusca e tosca
Querendo ser colcha para acomodar os sonhos
Num balaio de rendas
Onde dormem gatos