Monday, August 22, 2011

Rendas





Sou mulher rendeira
Não a das canções populares
Nem a que senta com bilros nas calçadas quentes do nordeste
Meu artefato é delicado
E mutante
Sem sossego
São palavras
Que rendo
E me rendo a elas
Me enrosco
Nas suas milhares de possibilidades e combinações
Desenhos intricados - como filigramas
Com ares antigos e rebuscados
Mosaicos que formo
A renda do meu esforço
Delicada - mas por vezes brusca e tosca
Querendo ser colcha para acomodar os sonhos
Num balaio de rendas
Onde dormem gatos

1 comment:

  1. Palavras...
    Às vezes durmo com elas
    rendas com nós e com laços,
    acordam ainda mais belas,
    presas a mim, como abraços...


    Beijos!
    AL

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