Esses olhos...
Os olhos me assustam.
Não te afligem os olhos?
Eles enxergam o que não há.
Trespassam a zona de fronteira,
O tênue véu da alma,
onde deveriam ficar para perscrutar o ser.
E ali entendê-lo - e possivelmente admirá-lo.
Mas querem espionar a carne.
Querem descobrir riquezas.
E estabelecem um código de estética e de ética.
Vêem um ser que tem e faz
Deixando de lado, rapidamente, como num piscar de olhos,
toda a possibilidade do ser além dos olhos.
Os olhos secam com o vento dos tempos.
E se fecham - extinguem o ser que existe antes da cortina
do ser edênico.
E não tendo mais a lanterna que são seus olhos para iluminar-lhes
o caminho,
Deixam de descobrir o paraíso que há
Quando mergulhamos
Para além-dos-olhos
sem enxergar.
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