Aos meus amigos brasileiros:
Devo dizer que toda essa conversa (mais briga do que conversa)
que vejo no FB e outras redes sociais, só serviu para me deixar mais confusa e
desesperançosa… Nunca vi o Brasil como um país polarizado com somente duas
tendências políticas – a gente superou essa visão divisora com a abertura
política e o multipartidarismo (não sei se é bom ou ruim). Sempre achei que
fossemos morenos temperados (nem branco, nem preto; nem quente nem frio; nem
doce, nem salgado) – e com isso, encontrávamos um jeito de discutir sem ferir,
de achar um jeitinho – brasileiro ou não – de resolver as coisas na alegria (de
mais a mais, isso é coisa de americano – ou é preto ou é branco, ou é homem, ou
é mulher, ou é democrata ou é republicano). Tá certo, muita gente dizia que a
gente não era sério, que não era levado a sério, mas não éramos tão polarizados
a ponto de criar conflitos tão dolorosos.
Tenho amigos muito ricos que vão votar na Dilma, outros
muito ricos que vão votar no Aécio – amigos pobres que vão votar no Aécio,
amigos pobres que vão votar na Dilma – acho que não é uma questão de classe,
elite, o que quer que seja que eu vejo sendo vociferado pela internet – é uma
questão de paridade com ideologias e o que mais lhe agrada na ilusão de que um
ou outro candidato trará mudança e solução (ou defender seus interesses – pois
sempre há um interesse)…
Eu não pude votar no 1º turno e não poderei votar no 2º
turno – embora o voto seja obrigatório, o consulado brasileiro mais próximo
fica quase 500 quilômetros daqui… E é um consulado que serve este e mais 5
estados! Portanto, tenho que justificar meu voto. Mas não sei em quem votaria –
já estou fora há tanto tempo – e me basear nessa briga ideológica que assisto
de longe (e, até agora, calada), não me ajudaria em nada… Pior do que ver
campanha eleitoral no horário gratuito, é ver as pessoas se ofendendo, falando
coisas que não se justificam, e tentando convencer o outro de que a sua opinião
é a que vale…
Aqui, tenho uma tendência mais de esquerda – mas nem acho
que a esquerda exista de fato aqui – é mais centro moderado e direita do
peluamordedeusquehorror, ou liberais e conservadores (que deixaram de ser conservadores em termos econômicos e se tornaram de moral louca e duvidosa) - e alguns poucos libertários e independentes. Não poderia ser republicana, pois, convenhamos, os
absurdos que saem da boca dos integrantes do partido são de alarmar até padre!
Votei no Obama, mas não me convenço de que é solução e me decepcionei com muitas
de suas decisões, especialmente no que diz à Monsanto, às guerras, ao fracking... Mas é política - e “há algo de podre no reino da dinamarca” –
sempre! Há uma entidade maior que qualquer presidente – aqui são as corporações
e seus lobbies de interesse. No Brasil é um pouco mais complexo, acho – é um
jogo de brincar de poder e achar que tudo vale…
Mas a gente, contribuinte, trabalhador, empreendedor,
escritor, intelectual, empresário, artista, esportista, professor, indigente,
quem quer que seja, todos nós, temos a mesma vontade, o mesmo desejo de vida
justa, com direito a boa comida, bom salário, descanso, passeio, diversão,
segurança, saúde e educação dignas, justiça social, transporte eficiente e,
porque não, até mesmo uns certos luxos.
Então votem por mim e por tantos outros brasileiros que não
podem votar, mas que continuam torcendo pelo Brasil. Eu não saí do Brasil
porque desisti do meu país – foram as circunstâncias da vida, de como as coisas
aconteceram. Mas morro de saudades e desejo um Brasil melhor – minha história é
aí – e aí estão pessoas muito importantes para mim.
Se este domingo acabar em pizza, espero que seja calabreza,
portuguesa, catupiry e napolitana – pizza brasileira é a melhor!
E que a burocracia brasileira se resolva, pois voto
obrigatório que realmente não me permite votar em trânsito, mas também não me
permite viajar se não estou com o meu status de eleitor atualizado é um tanto
quanto ultrapassado e controlador, não? Governo não precisa segurar a minha mão
e me dar carteirinha para tudo, apenas precisa usar o dinheiro do contribuinte
de forma responsável para benefício de todos!
Boa sorte, Brasil!